26 agosto 2008

ELEVADOR

Quando viu um elevador pela primeira vez, Vitória tinha 53 anos. Carregava duas sacolas pesadíssimas. Achou que tinha entrado num quarto desconhecido e adormeceu.

Ficou dez anos e dois meses lá. Quando finalmente saiu, seus cabelos, que eram castanhos, haviam branqueado.

Hoje vive sentada no banco da praça, debaixo da constante chuva fina que cai sobre a cidade.

Aborda os que passam, pede um cigarro e pede também um tempinho para ouvirem as suas histórias. Desfia lembranças e casos da vida toda, e se empolga ao contar da época em que vivia no elevador.

- Lá era uma maravilha - diz Vitória, com olhos perdidos no passado - e não chovia nunca, acredita?

Um comentário:

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

muito bom, um toque surreal.
abração pantaneiro