24 janeiro 2009

MEU REI
(CASOS DA BANCA II)

Antônio, um dos taxistas do ponto em frente à banca aprendeu a jogar xadrez comigo. Pegou gosto pela coisa e agora não pára mais. Ensinou a mulher e a filha, para poder jogar em casa, e ainda joga sozinho, no celular.

Quando temos tempo, coloco o meu tabuleiro sobre o balcão da banca, que fica de frente pra rua e disputamos algumas partidas. Acontece dele ser chamado para uma corrida e então o jogo fica suspenso.

As peças do meu jogo se assemelham a figuras reais: o bispo com cara de bispo, a rainha com os trajes de rainha, e assim também o rei.

Numa dessas ocasiões em que o Antônio teve que sair, uma senhora passou, curiosa, encarando as peças do jogo. Não resistiu, voltou e pegou o rei preto na mão e o examinou com atenção. Colocou-o de volta no tabuleiro e me perguntou, com ar de devoção:

- E Santo Antônio, o senhor não tem?




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