26 maio 2009


O BEBÊ ÓRFÃO


L.H.O.O.Q. era um bebê órfão, abandonado numa passagem subterrânea de Paris.

As pessoas lhe davam queijos e doces e ele bebia muita água para não engordar.

Dirigia estranhas perguntas aos que passavam:

- Se eu fosse um marciano recém-chegado a este planeta, acha que eu conseguiria me fazer passar por um terráqueo?

- Se eu fosse um quebra-cabeça com misturas insólitas, o resultado final seria bom?

Rose, uma prostituta fria e sexy, se apiedou e tentou levá-lo para casa. Quase foi linchada pelos que passavam por lá nessa hora. Todos os que transitavam pelo local se sentiam seguros com a presença do bebê, e a idéia de tirá-lo de lá lhes era inconcebível.

Alguns sentiram pena de Rose e tentaram confortá-la. Mas ela era resignada:

- Não sou masoquista - ela disse - mas o corpo humano foi feito pra isso mesmo, pra sofrer.

Vira e mexe o bebê tinha o seu nome citado nas listas das celebridades mais bonitas do planeta.

Quando completou seis anos, L.H.O.O.Q. disse que queria ser astronauta; quando fez dez, disse que seria bombeiro e aos quatorze dizia que ia ser médico. Mas, ao completar dezessete anos, foi brutalmente assassinado. E todos se esqueceram dele.

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