17 julho 2008

NOITE DE ESTRÉIA




Ernesto Zamparoli suou frio a noite toda e acordou de madrugada, se sentindo meio estranho. Foi ao banheiro, lavou o rosto e encarou no espelho o seu oposto:

- Esse é o homem que eu imaginei ser um dia?

Trepou num cavalete bambo, no meio da sala, e esperou o dia amanhecer. Aquela seria a noite de sua estréia e a necessidade de aprovação lhe causava angústia.

Às oito da manhã ele saiu apressado e correu até o ponto de ônibus. Súbito, se sentiu bem disposto, decidiu não parar e continuou correndo. Trombou com pessoas na calçada e escapou várias vezes de ser atropelado por automóveis e bicicletas. Em dúvida sobre qual caminho devia seguir, foi tomando direções ao acaso.

Quando já anoitecia, se vendo perdido, Zamparoli parou de correr. Só então percebeu, aliviado, que se encontrava diante do prédio em que morava.

Às oito da noite, enquanto todos o aguardavam para a estréia, ele estava diante do espelho, molhado de suor e com um sorriso de satisfação no rosto. O seu oposto o encarava, apontando, orgulhoso:

- Esse é o homem... esse é o homem...


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