10 julho 2008

SMILE


A queda foi do 13º andar. Com apenas vinte anos repetira o trajeto aéreo do pai rumo à morte.

Mais de cento e cinqüenta pessoas se aglomeram no local, com os olhares dirigidos para o alto, como que aguardando uma reprise do salto.

No meio da multidão, uma figura se destaca. É a de um homem, com o braço esquerdo levantado e a face transtornada.

Um garoto magro, de óculos, está desenhando com o papel bem perto do rosto do cadáver, que traz “smile” na camiseta ensangüentada.

Foi preciso chamar os bombeiros para retirar o corpo, estatelado numa área de difícil acesso.

A coisa toda durou quase três horas. No meio do dia, o corpo já não estava mais lá.

E então, como se alguém tivesse acionado algum botão invisível, tudo voltou ao normal.




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