SMILE
A queda foi do 13º andar. Com apenas vinte anos repetira o trajeto aéreo do pai rumo à morte.
Mais de cento e cinqüenta pessoas se aglomeram no local, com os olhares dirigidos para o alto, como que aguardando uma reprise do salto.
No meio da multidão, uma figura se destaca. É a de um homem, com o braço esquerdo levantado e a face transtornada.
Um garoto magro, de óculos, está desenhando com o papel bem perto do rosto do cadáver, que traz “smile” na camiseta ensangüentada.
Foi preciso chamar os bombeiros para retirar o corpo, estatelado numa área de difícil acesso.
A coisa toda durou quase três horas. No meio do dia, o corpo já não estava mais lá.
E então, como se alguém tivesse acionado algum botão invisível, tudo voltou ao normal.
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